terça-feira, 31 de agosto de 2010

Minha experência mais próxima do 3° grau

Sábado passado (sim, passado, ainda não era um cara triste), rumava a meu destino certo de todos os fins de semana (imagine, Brasil), cantando Ronnie Von e dançando pela rua, com toda a população me acompanhando em lindo coro uníssono (porque Ronnie Von é amado pelo povo, todos o conhecem e ele ajuda a todos), cheguei a meu destino e mostrei-me mestre do meu domínio ao pedir um delicioso risolão de queijo, uma dose do elixir do deuses (entende-se Cynar com limão espremido e gelo) e uma cerveja para amansar os ânimos e iniciar bem a noite. Esvaziando o copo em minha frente com um único gole, uma sensação nova tomou conta do compositorzinho, batendo uma vontade de inovar e mudar minha pacata e rotineira vidinha resolvi mudar de ares. Agradeci o Bill por me servir prontamente e iniciei uma cruzada rumo ao novo. A noite estava animada, com muitos juvenis figurando nas calçadas a existência um dos outros, como eu os detesto (os odeie também, Brasil, o ódio é um sentimento puro que deve ser valorizado quando bem utilizado), atravessei a rua e andei um pouco mais rápido, para me distanciar do ambiente hostil repleto de inimigos o quanto antes. Já a uma distância segura, comecei a prestar atenção na região, em busca de um lugar simples donde seria possível continuar minha purificação espiritual. Essa tarefa não foi difícil de executar, leitores imaginários, logo encontrei um belo lugar, com uma simpática jukebox, não tinha músicas do Ronnie Von, falha grave, mas relevei ao me deparar com a discografia da gloriosa Núbia Lafayette . Selecionei uma canção, já pedindo uma dose do segredo da vida ao Bill, que, muito solicito, contribuiu com a minha passagem à dimensão do maravilhoso mundo de marlboro. Ao encontrar o estado de espírito desejado neste novo ambiente, agradeci como pude Bill e sai a despejar ofensas ébrias à humanidade sã e sua rotina (experimentem, é revigorante!). Afundado em meia a noite, cambaleando na rua que, curiosamente, se estendia para além do horizonte ou curvas, algo inesperado aconteceu! Não, leitores imaginários, eu não venci (entende-se ficar com alguém), também não urinei deitado no meio da rua, isso passou a ser corriqueiro, o que aconteceu ainda é inexplicável para o limitado intelecto humano, que só acredita quando vê, mas crê no que não vê (nem tente entender, Brasil). Aconteceu algo maior, imenso, gigantesco, realmente colossal! Parei por um instante e reparei que não existia mais som, uma luz intensa me cercava, cegando minha visão para tudo o que existia, apenas a luz era perceptível.
Gradualmente comecei a perder a sensação de meus membros, começando pelas pernas. Foi preciso um esforço sobre-humano para ver além, só então percebi que levitava, a luz me conduzia no ar. Como todo ser primitivo, meu primeiro ato foi tentar me debater, inutilmente, depois houve tentativa de grito, mas a luz fez com que o grito reverberasse no pequeno espaço ocupado pelo meu corpo. Já estava ficando chata a situação, cantarolei uma música do mestre Ronnie Von, para passar o tempo, alguns minutos depois cheguei, finalmente, a um destino, pois senti que meus pés tocaram algo sólido, obviamente fiz minha crítica “Que transporte chato do cacete, não tem como cortar a enrolação e ir direto ao assunto, não? Os próximos vão agradecer, pode ter certeza ó, tigre!”. Não obtive resposta (apáticos), aos poucos a luz foi diminuindo e pude ver o ambiente a qual fui transportado, muito bem arranjado, provavelmente assistem aos programas de decoração do canal Home & Health, tudo era muito bem encaixado, limpo, nas cores cinza e branco. Alguns botões, um guidão de barra-forte e uma cadeira giratória (provavelmente o local do piloto), como não estava amarrado a nada, comecei a circular no ambiente, a procura de alguma bebida, nenhuma porta abria, não havia gavetas, nem geladeira (seres muito evoluídos são extremamente chatos), eu até gosto de minimalismo, mas o excesso disso não tem muita graça. Frustrada minha busca por algo interessante, sentei. Sim, sim! Sentei! Uma porta até então imperceptível abriu e dois seres incógnitos caminharam em minha direção, analisando minuciosamente o meu corpinho, fiz o mesmo, os seres não eram de estatura mediana, não usavam roupas escuras, a primeira vista calça e camiseta, como uma TV fora de sintonia, mas o que chamava mais a atenção era a face, muito arredondada e rechonchuda, bem fofos na verdade, pareciam muffins de bigode. Tá certo, não era suculento como um muffin, mas dava pro gasto. Finalizada a fase de choque do primeiro contato, houve a tentativa de comunicação! Dei o primeiro passo, Brasil “E aí fera? Suave na nevasca aí, man? Vamos entornar um Cynar no boteco ali? Eu banco o risolão!”, não obtive resposta (apáticos). Encucado com a recusa de um risoles, entendi e aceitei que os fitas não eram deste planeta, pois é impossível alguém em sã consciência rejeitar um risoles e um Cynar, Brasil. Os seres se entre olharam e voltaram a me analisar, eu já de saco cheio resolvi tomar uma atitude mais radical “Ê, brow, tá tirando? Libera eu logo ae, cacete! Se vocês não gostam de Cynar só podem ser azeitonas, ? É rabo de foguete mesmo!”. Imediatamente, senti um bofetão na rosto “poft”, mas não houve movimento de nenhum dos seres, novamente senti o tabefe 'paft', outra vez os seres não se movimentaram. Realmente fiquei espantado em saber que estava apanhando por telepatia tele-cinética avançada nível 6! Pensei alto “uau, essa é a surra mais legal e avançada que já levei, uau!”, involuntariamente, levantei a camisa, molhei a ponta do dedo com a língua e comecei a bolinar o mamilo esquerdo, novamente pensei alto “estou sendo controlado pela telepatia tele-cinética avançada nível 6, essa não”, outro tabefe “puft”, no fundo da minha mente ecoava uma voz, não conseguia distinguir o que dizia nem o timbre... mas era uma voz! Outro tabefe “peft” a voz ficava mais alta “compositor... compositor... compositor”, continuava a bolinar meu mamilo esquerdo, outro tabefe “pift” de repente o cenário muda, os seres transformam-se, a luz estabiliza e finalmente percebo o que aconteceu! Estava de bruços na calçada, com a perna esquerda atolada no bueiro, exatamente em baixo de um poste no qual a luz formava um circulo perfeito ao meu redor, manchas de vomito marcavam minha calça, estava usando apenas metade da camisa e dois leitores imaginárias tentavam me reanimar “compositor, compositorzinho, o que aconteceu, man? Levanta ae!”, educadamente os saudei “Cacete! Eu tava na nave, cacete! Tava falando lá com os alienígenas que não bebiam Cynar, cacete! Tava ficando amigo dos fitas já, cacete! 'Cês me tiraram de lá? Porra, os fitas eram meus amigos já, desde 1986, cacete!”, como resposta “Tá doidão heim, man? Vai lá pra sua nave lá, ô locão”, eu “Agora é tarde de mais, cacete!”. Houve um tremendo esforço para sair da vala, limpei a vomito na calça, coloquei a camisa e rumei, bravamente, a outro bar para finalizar a noite e relatar o ocorrido a humanidade.
Pois é, Brasil, fui levado a nave, mas acordei com tapa na cara vomitado na vala.. agora a dúvida assombra minha existência, o que é real? O que é imaginário? O que sou eu sem Cynar? Bem, que não falte Cynar, o resto não dou a mínima!

2 comentários:

Mastrique disse...

Ocorreu algo parecido comigo.

Ainda criança, eu banhava-me dentro de uma banheira sonora - Aquelas banheirinhas de plásticos com botões mágicos que exprimem belos sons psicodélicos ao melhor estilo Duna. Minha mãe lavava minhas partes, pois mesmo sendo minhas, eu ainda não sabia tomá-las ao meu uso. A TV ligada era a trilha sonora. Música de abertura da novela Pantanal. De repente, uma dormência toma conta do meu corpo. Uma mistura de paralisia infantil e o Nirvana mítico, êxtase espiritual, redenção sublime. Ao mesmo tempo, os rios que trançam o coração do Brasil presenciavam o véio do rio transmutando em cobra. Tudo muito amorfo para uma jovem mente.

Nunca mais consegui entrar de novo naquela banheira. A partir daquele momento somente o skate que ganhei junto com um tênis horroroso (o qual achei lindo porque via com brinde), acompanhava minhas aventuras.

disse...

ahahahah os fita já eram trutas desde 86 sandrinho! ahahahah caralho! é nóis nas valas!